Depois do respiro do último pregão, quando subiu 2,7%, o Ibovespa voltou a amargar perdas ontem, pressionado pelo cenário externo e pela queda generalizada dos papéis, com destaque para os da Petrobras.
Embora tenho se aproximado dos 63 mil pontos, o movimento do principal índice do mercado acionário brasileiro foi de certa forma amenizado pelo baixo volume negociado no pregão.

O Ibovespa recuou 2,02%, para 64.260 pontos, com giro financeiro de R$ 4,039 bilhões. Em agosto, o índice já acumula baixa de 4,82%, depois de ter disparado 10,8% em julho, no melhor desempenho mensal desde maio de 2009 (12,49%).

Em Wall Street, as bolsas também fecharam no vermelho, com uma queda acentuada ao fim do dia. O índice Dow Jones caiu 1,39%, o Nasdaq registrou desvalorização de 1,56% e o S & P 500 perdeu 1,47%.
Único indicador de destaque, o gasto do consumidor americano subiu 0,4% em julho. Já a renda avançou 0,2% no período, um pouco abaixo do previsto.

Analistas do mercado ressaltam, no entanto, que a cautela do investidor foi adotada em função tanto da agenda da semana, quanto pela indefinição a cerca do processo de capitalização da Petrobras. 
“O mercado já abriu com viés de queda. Na sexta-feira, tivemos um pregão bem forte, mas o sentimento de cautela voltou. A semana é carregada de indicadores e eventos, com destaque para os números do payroll, para o índice de atividade da China, para dados da Zona do Euro e para o Copom, no Brasil”, diz o operador da Um Investimentos, Paulo Hegg.  Apesar da forte queda, tivemos um volume fraco na Bovespa, então não dá para dizer que temos uma tendência de baixa , completou.

Segundo Hegg, diante das incertezas relacionadas ao preço do barril de petróleo da cessão onerosa da União para a Petrobras, o investidor preferiu reduzir posições, o que contribui, mais uma vez, para a forte baixa dos papéis.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que ocupa também a presidência do Conselho de Administração da Petrobras, disse hoje que o preço ainda não foi fixado. “Quando for (definido), vamos comunicar ao mercado com fato relevante. Tudo o que vocês ouvem por aí é só especulação”, disse o ministro.

Apesar da fala de Mantega, o nervosismo do mercado continuou. Nesta sessão, as ações PN da estatal despencaram 4,17%, a R$ 25,45, com volume negociado de R$ 570,2 milhões, enquanto os papéis ON recuaram 2,67%, a R$ 29,15, com total negociado de R$ 75,6 milhões.
Ainda entre os principais giros do dia, as ações PNA da Vale perderam 2,97%, a R$ 40,70, com movimento de R$ 446,5 milhões, e os papéis PN do Itaú Unibanco caíram 1,20%, a R$ 36,75, com negócio equivalente a R$ 172 milhões.
Apenas sete ações que integram o Ibovespa fecharam no azul, com destaque para Lojas Renner ON (2,84%, a R$ 55,39), OGX Petróleo ON (1,22%, a R$ 20,67) e Cemig PN (1,05%, a R$ 28,65).
Além de Petrobras, as maiores baixas do índice partiam dos papéis Duratex ON (-4,57%, a R$ 17,3), Fibria ON (-4,50%, a R$ 26,51) e Sabesp ON (-3,19%, a R$ 33,89).

Fora do Ibovespa, destaque para as ações ON da Dasa, que dispararam 6,66%, para R$ 19,20, e movimentaram o valor expressivo de R$ 63,1 milhões.

A empresa assinou um memorando de entendimentos para a incorporação da MD1 Diagnósticos, holding que engloba laboratórios do ramo de análises clínicas e diagnósticos por imagem. A operação tem como objetivo fortalecer a posição da Dasa naqueles mercados.    (Beatriz Cutait – Valor)