Depois de fechar o ano passado com uma rentabilidade negativa de 1,6% nas aplicações, os fundos de pensão voltaram a crescer e registram valorização de 11,7% em julho deste ano, com uma previsão de fechar o ano em 16,76%. Apesar da recuperação, o superávit do sistema – ou seja, o que sobra depois de pagar todas as obrigações – está abaixo dos R$ 74,9 bilhões registrados no final de 2007. Por causa da crise, o sistema nacional de previdência privada fechou 2008 com superávit de R$ 38 bilhões. Em junho deste ano houve uma recuperação, passando para R$ 55,1 bilhões e a estimativa é fechar o ano com R$ 64,3 bilhões.

“Ainda estamos a R$ 10 bilhões de recuperar a situação registrada em dezembro de 2007, mas é uma recuperação”, avalia Devanir Silva, coordenador executivo da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). Mantido o cenário atual, com uma previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na casa dos 2% anuais, a Abrapp prevê que a carteira de investimento passará dos R$ 460 bilhões, ou 16% do PIB para R$ 564,6 bi no ano que vem e R$ 1,64 trilhão até 2021, numa taxa média de crescimento de 11%. “Ainda é pouco se compararmos com a experiência internacional. Na Holanda, por exemplo, os ativos dos fundos de pensão são maiores do que o PIB nacional”, compara o executivo.

O diretor-presidente da Abrapp, José de Souza Mendonça, avalia que é necessário um maior trabalho de conscientização previdenciária para atrair mais pessoas a investir em fundos. “O crescimento não está do jeito que gostaríamos”, comenta. São 2,87 milhões de participantes do sistema no Brasil, sendo que 660 mil estão recebendo os benefícios depois do tempo de contribuição. O rendimento negativo registrado em dezembro do ano passado foi a primeira desde o plano real, mesmo com o mundo passando por diversas crises desde a década de 90: Ásia, Rússia, México, desvalorização do real e crise argentina. (Leonardo Spinelli – Jornal do Commercio)