O volume de recursos das 369 fundações de previdência complementar fechada atingiu o patamar de R$ 510 bilhões no primeiro semestre 2010, valor 19,81% superior aos R$ 425,65 bilhões registrados pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) no ano passado.
Mas apesar da solidez dos ativos, o número de participantes do sistema estacionou em 2,6 milhões de beneficiários. “Precisamos pensar grande e difundir a cultura previdência”, defendeu o Coordenador da Comissão Técnica das Entidades Multipatrocinadas da Abrapp e conselheiro da Fundação Itaubanco, Reginaldo José Camilo.
“Há espaço tanto para a previdência aberta como para a fechada. Hoje, o jovem prefere comprar um automóvel em 72 prestações de R$ 599 e esquece de contribuir para o seu futuro”, argumenta.
“Isso é falta de educação previdenciária. O País não está preparado para ter 60 milhões de participantes”, provoca Camilo ao citar o potencial do setor.
O executivo da Fundação Itaubanco sabe da importância de atrair mais participantes para o sistema. Os ativos da Fundação Itaubanco cresceram 16,31% no último ano, de R$ 9,44 bilhões para R$ 10,98 bilhões registrados no último boletim bimestral informado, ao passo que o número de participantes avançou apenas 1,5%, de 36,08 mil para 36,62 mil.
No setor, a situação é semelhante. A Abrapp e seus 264 associados que administram 1055 fundos de previdência viram o número de participantes ativos diminuir de 2,21 milhões no ano passado para 1,95 milhão nos últimos 12 meses.
A queda de quase 12% é explicada por dois fatores, pela concessão de novas aposentarias e pelo fim do vínculo empregatício, a crise de 2009 deixou as patrocinadoras mais enxutas. O segmento de previdência complementar fechada paga atualmente 640 mil aposentados.
A Abrapp aponta os caminhos para o setor voltar a ganhar adeptos. “Os fundos instituídos por classe são uma alternativa. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) espalhou regionalmente cerca de 300 planos de classe”, sugeriu o presidente da Abrapp, José de Souza Mendonça.
Segundo o presidente da entidade, a idéia pode ser utilizada por outras profissões com estrutura organizada como engenheiros, médicos, metalúrgicos, etc.
De olho nos investidores institucionais, a BM&F Bovespa diversifica os produtos para cativar esse público. “Temos o desafio de desenvolver produtos com prazos maiores com a melhor relação risco-retorno para a carteira dos fundos”, declarou o gerente de fomento da BM&F Bovespa, Emílio Otranto.
Segundo o executivo, a Bolsa está promovendo programas de popularização e educação financeira como o Educar, o Como Investir e o Turma da Bolsa para formar novos investidores.
Como iniciativa, a Bolsa incentiva o segmento Bovespa Mais, que reúne ações de pequenas e médias empresas, a prática do Aluguel de Ações e divulga as BDRs não patrocinadas. “As fundações podem diversificar o portfólio”, sugere Otranto.
De acordo com dados da BM&F Bovespa, os investidores institucionais representam 32,4% dos negócios no mercado à vista e 27,4% em derivativos.
A Bradesco Asset Management (Bram) também vê alternativas para a previdência fechada. “Fundos de investimento voltados para setores de infraestrutura e consumo mantém a atratividade”, sugere o administrador sênior de renda variável da Bram, Luís Guedes Ferreira Costa.
Preocupado com o aumento da longevidade da população, a Vinci Partners alerta as fundações para investirem em produtos de longo prazo. “Os fundos geradores de renda são uma oportunidade para investir em private equity, produtos estruturados de crédito como os FIDCs, ou investimentos no exterior”, apontou o diretor da Vinci Partners, Marcelo Rabbat.
De acordo com o estudo da Vinci Partners, a expectativa de longevidade está crescendo 3,2 anos por década no Brasil. “Um erro de cálculo de longevidade pode custar 5% do benefício em 2 anos”, alertou Rabbat sobre o aumento da expectativa de vida.
Mesmo com o crescimento de 20% nos ativos em 12 meses, fundos tiveram queda no número de participantes no mesmo período, de 2,2 milhões para 1,9 milhão. (Ernani Fagundes – DCI)