e ocorreu com a maior parte do setor. Mesmo os que priorizaram a renda fixa, como Real Grandeza e Eletros também tiveram suas aplicações valorizadas. A maioria das fundações ouvidas pelo Valor apresentou superávit, à exceção da Petros e da Eletros.

“Foi um bom semestre, impulsionado pela recuperação do mercado de ações, mas ainda não ganhamos tudo que perdemos em 2008”, disse Antônio Cruz, conselheiro e coordenador de investimentos da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). “O ano passado foi um ano para ser esquecido.” Para ele, o segundo semestre vai garantir ainda um resultado positivo para os fundos, mas certamente menor que o do primeiro por conta dos ganhos na Bolsa. “A evolução do mercado de ações será mais lenta, mas muita gente já obteve nos seis primeiros meses do ano a rentabilidade que esperava no ano inteiro”.

Sérgio Rosa, presidente da Previ, com patrimônio de R$ 127,19 bilhões, tem análise semelhante. A recuperação das contas da fundação dos funcionários do Banco do Brasil se deve ao rendimento das suas aplicações como um todo, que somou R$ 13,6 bilhões. O investimento em renda variável contribuiu sozinho com R$ 12,5 bilhões, a maior fatia do ganho total. “Foi uma boa surpresa pois prevíamos uma Bolsa estável no período, com retomada só no final de 2009”.

A Previ conseguiu elevar o valor total de sua carteira de ações entre janeiro e junho para R$ 75,8 bilhões nos dois planos, recuperando R$ 10,7 bilhões do valor da carteira antes da crise, que era de R$ 86,2 bilhões em junho de 2008. Os investimentos com imóveis renderam ao fundo 13,33% e as aplicações em renda fixa, seu maior portfólio, 7,5%. O superávit do período foi de R$ 8,1 bilhões, garantindo à Previ um excedente acumulado de R$ 33 bilhões. “Se a Previ abater seu passivo do seu ativo, ainda sobra este valor. Bem maior do que uma Mega-Sena”, brincou Rosa.

Os planos do presidente da Previ para o segundo semestre não mudam em relação ao primeiro. Ele vai manter uma estratégia de desinvestimento em renda variável na carteira do Plano I, como fez de janeiro a junho, quando vendeu R$ 3 bilhões em ações e investiu apenas na operação de aumento de capital da Brasil Foods. E prevê compra de novas ações para ampliar a carteira do Plano 2, ancorada no IBrX 50 da BM&FBovespa.
A Petros, que tem o segundo maior patrimônio dos fundos de pensão fechados, de R$ 47 bilhões, teve rentabilidade de 8,06% e um déficit no balanço do primeiro semestre de R$ 245 milhões. Também foi a carteira de renda variável da fundação da Petrobras que teve maior ganho no período entre todos seus investimentos, de 17,04%, informou seu presidente Wagner Pinheiro.