Estudo do Bird mostra que criar empregos e sanear previdência agora são urgências.

 O Brasil terá 10 anos para se antecipar aos efeitos do envelhecimento da população, segundo estimativa do Banco Mundial. Essa projeção está em relatório divulgado pela instituição internacional e aponta para o rápido avanço da idade da população brasileira. Até 2020, o País passará por um período chamado bônus demográfico, quando a proporção entre o número de dependentes (crianças e idosos) e o número de pessoas em idade ativa — que trabalham e contribuem para a previdência — alcançará seu menor patamar. Segundo Michele Gragno-lati, coordenador do estudo Envelhecendo em um Brasil Mais Velho, a atual fase é crucial para ações que vão preparar o terreno. Ele destacou que é necessário aproveitar a oferta de mão de obra para estimular o crescimento da economia. O sistema previdenciário do País, alerta ele, deverá ser reestruturado. A ideia é financiar a aposentadoria com eficiência, fortalecendo poupança, investimento, crescimento e sustentabilidade.

Para o Banco Mundial, é necessário criar oportunidades de trabalho suficientes para a população em idade ativa e tornar o mercado financeiro confiável para quem quer poupar. A expectativa é que, a partir de 2020, a proporção entre dependentes e pessoas em idade ativa volte a crescer, com aumento da proporção de idosos. Estima-se que a população com 65 anos ou mais, hoje em 20 milhões, chegue a 65 milhões.

Serviços de saúde e cuidado domiciliar: desafio futuro

 O estudo divulgado no início do mês pelo Banco Mundial mostra também que o aumento da população com 65 anos ou mais também cria desafios para os sistemas de saúde público e privado: Gastos em saúde, provavelmente, vão aumentar substancialmente. De fato, cuidados com saúde tendem a emergir como um dos maiores desafios fiscais nas próximas décadas no Brasil. Há duas forças por trás da projeção de aumento dos gastos com saúde: o aumento da proporção de idosos na população e o aumento da intensidade do uso dos serviços de saúde pelos idosos, alerta o texto.

Um alerta lançado pelo relatório Envelhecendo em um Brasil Mais Velho é que a área da saúde deverá se adaptar aos padrões epidemiológicos de uma população mais velha. O aumento dos gastos em saúde dependerá da prevenção contra elas.

A projeção do Bird é que o número de idosos sem contar com cuidados familiares du-plicará até 2020 e quintuplicar até 2040. Isso se deve também a uma mudança nos perfis familiares e à presença da mulher — normalmente, quem cuida dos mais velhos — cada vez maior no mercado de trabalho. Alternativas aos cuidados domiciliares precisam ser desenvolvidas para enfrentar a demanda de cuidados de longo prazo de um número crescente de idosos que não poderão ser sustentados por seus familiares. O fortalecimento da capacidade do Programa Saúde da Família é uma estratégia possível, mas isso demandará foco e esforços adicionais, diz o Bird.  (O Dia Online)