A Bovespa foi arrastada pela queda generalizada que abalou as Bolsas pelo mundo nesta segunda-feira, dia 21 de janeiro. Com desvalorização de 6,60%, a Bovespa teve um de seus piores pregões desde o fatídico 11 de setembro de 2001, quando caiu 9,17%, e passou a acumular perdas de 15,93% em 2008. 

O impacto no mercado de câmbio também foi considerável. O dólar disparou 2,52% e fechou a R$ 1,83 -maior elevação diária diante do real desde 28 de agosto passado. A cotação do dólar de ontem foi a mais alta em quase dois meses.

Um detalhe relevante: as Bolsas não funcionaram nos Estados Unidos ontem, epicentro da atual crise, devido ao feriado de Martin Luther King Jr. Dessa forma, hoje pode haver quedas importantes no mercado acionário americano, o que tende a trazer mais pessimismo e mau humor aos investidores.

“A Bovespa tem se comportado em linha com os mercados externos. O que vinha assustando mais era o temor de os EUA entrarem em recessão. Agora começamos a ver um processo de reavaliação do crescimento fora dos EUA”, diz Alexandre Lintz, estrategista-chefe do banco BNP Paribas.
Se as principais economias passam a crescer menos, há impactos nas exportações e nos investimentos internacionais.

Na Bovespa, onde os estrangeiros vinham se destacando na ponta de venda nos últimos pregões, investidores de todos os segmentos se desfizeram dos papéis das companhias. Tanto que nenhuma das 64 ações que formam o índice Ibovespa, o mais importante da Bolsa, conseguiu escapar de encerrar ontem em queda. Entre as maiores companhias, os destaque de perdas ficaram com Vale PNA (-11,35%), CSN ON (-8,80%) e Petrobras PN (-7,42%).

As vendas dos estrangeiros têm se intensificado nos últimos dias. O balanço das operações feitas com capital externo, que estava negativo em R$ 1,88 bilhão nas primeiras duas semanas do ano, passou a registrar saldo negativo de R$ 3,53 bilhões no último dia 17.

O Ibovespa desceu ontem para os 53.709 pontos, em seu mais baixo patamar em mais de quatro meses. A pontuação representa o valor de mercado das companhias listadas e sobe (ou desce) com a apreciação (ou depreciação) das ações.
O pior pregão recente para a Bolsa havia sido o de 27 de fevereiro de 2007, com queda de 6,63%, quando a economia da China deu um susto no mundo.

Com as quedas recentes, o valor de mercado das companhias listadas na Bovespa encolheu em R$ 344,9 bilhões nos primeiros 21 dias do ano. No período, o setor mais afetado foi o de petróleo e gás, que perdeu R$ 97,1 bilhões.

Piso
Como a crise tem afetado todo o mercado mundial e suas motivações não estão relacionadas à economia brasileira, é difícil estimar um piso para a queda da Bovespa. William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV, confia em uma reversão do atual cenário negativo. “Se lembramos os períodos mais críticos enfrentados no ano passado, os mercados perderam muito e depois se recuperaram”, diz. “Devemos esperar sair de forma mais detalhada o plano de Bush.”

Fonte: FABRICIO VIEIRA – Folha de S.Paulo