Os brasileiros estão vivendo cada vez  mais, mas por conta disso precisam trabalhar por mais tempo para não perder no valor da aposentadoria. Na quata-feira, 1 de dezembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga a expectativa de sobrevida do brasileiro, que é usada no cálculo do fator  previdenciário, índice usado no cálculo dos benefícios do INSS.
Nos últimos anos, em média, a expectativa tem aumentado em 45 dias, o que representa uma queda de 0,5% no valor do benefício.  Isto é, se o segurado pode se aposentar com um valor de R$ 1 mil e muda a tabela do fator, ele vai receber R$ 995.
“Não é tão pouco quanto parece. O trabalhador tem que levar em consideração que essa redução de 0,5% é para sempre. Em dez anos, por exemplo, é uma perda considerável”, diz o economista Newton Conde, especialista em cálculos previdenciários.
Para poder compensar a perda, o trabalhador precisa contribuir por mais tempo. A   tabela  de fatores  vigora de dezembro de um ano até novembro do ano seguinte.

Como escapar

O trabalhador que já completou as condições para se aposentar por tempo de contribuição pode escapar das mudanças. Para isso, precisa fazer a solicitação da aposentadoria antes de quarta-feira. Mesmo se o atendimento for marcado para depois, o cálculo do benefício será feito de acordo com a data do agendamento.
Para homem é necessário ter, no mínimo, 35 anos de INSS pago. As mulheres podem se aposentar com cinco anos a menos de recolhimento, 30 anos. Para agendar atendimento é preciso ligar para a central 135, das 7h às 22h.
O IBGE elabora a tabela da expectativa de vida de acordo com dados estatísticos e informações do censo populacional, que é feito de dez em dez anos.
“Como nem sempre existem dados precisos disponíveis, os técnicos do IBGE vão ajustando a tábua de expectativa de vida. Quando é feito um Censo, como neste ano, é possível fazer uma tábua mais próxima da realidade”, diz o economista Conde.
Entretanto, os dados sobre expectativa de vida recolhidos no Censo 2010 só deverão ser usados na alteração da tabela do fator previdenciário do próximo ano. Isto é, se até lá não for aprovada a extinção do fator.
A presidente Dilma Rousseff estuda uma mudança no cálculo das aposentadorias. A ideia é substituir o fator previdenciário pela regra 85/95 ou uma idade mínima, que é adotada em muitos países.

Planejamento é quase impossível com o fator

 O fator previdenciário foi criado pela economista Solange Viera, em 1999,  para inibir as aposentadorias precoces.
A fórmula, que une idade, tempo de contribuição e expectativa de vida reduz o valor do benefício dos segurados mais jovens.
Para ter uma aposentadoria  equivalente ao salário que recebe na empresa, o trabalhador precisa esperar até que o índice do fator fique igual ou maior que 1.  Quando o fator é 1, o valor do benefício é igual à média dos  salários de contribuição .
Todos os anos, com a mudança da expectativa de vida,  ocorre um movimento na tabela. É como se fosse uma corrida onde  a linha de chegada ficasse um pouco mais longe com a nova expectativa.
Atualmente,  pela tabela do fator, só a partir dos 61 anos de idade é possível conseguir o valor integral do benefício. O homem com 39 anos de contribuição e a mulher, com 34 anos.   (Juca Guimarães  – Diário de São Paulo-28.11)