Entre 2008 e 2011, vencem R$ 68,7 bilhões em títulos públicos da carteira dos fundos de pensão, fora os R$ 17 bilhões vencendo entre junho e dezembro deste ano. No total, vencem em três anos e meio mais de R$ 86 bilhões. Diretor do Departamento de Assuntos Econômicos da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) do Ministério da Previdência, Carlos Eduardo Rodrigues da Cunha Gomes adverte que os sucessivos cortes na taxa Selic obrigarão os fundos a buscarem opções de aplicação. Responsáveis pelo financiamento de 15% da dívida mobiliária pública, os fundos começam a enfrentar nas carteiras de títulos federais o problema de rendimentos inferiores à meta atuarial, o mínimo necessário (na maior parte dos casos, 6% acima da inflação, geralmente medida pelo IGP-M) para cobrir os benefícios a serem pagos. 


Na palestra que fez no 28º Congresso da Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Privada (Abrapp), Gomes procurou enfatizar as perspectivas de mudança abertas com o crescimento da economia, a queda dos juros e a necessidade de os fundos de pensão diversificarem suas aplicações, conciliando rentabilidade e segurança. O diretor do Decon anunciou a edição, ainda este mês, da Decisão Conjunta 11, da SPC e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que completa a regulamentação da norma 3456, instrumento da modernização dos controles de aplicação dos fundos.


A nova norma permite maior ousadia nas aplicações em fundos multimercados pelos fundos de pensão. Os multimercados que receberem o aporte poderão atuar alavancados (com empréstimos além do patrimônio), aplicar no exterior, investir em derivativos (títulos vinculados ao diferencial de desempenho entre mercados, por exemplo), fazer day trade (comprar e vender no mesmo dia), explorar as diferenças de prazo entre compromissos de desembolso e vencimentos de aplicações diferentes (long/short). Tudo, claro, respeitando o limite de 3% dos ativos para esse tipo de investimento, o que no total da indústria dá cerca de R$ 42 bilhões, explica.


A sugestão de diversificação deverá encontrar boa acolhida, pelo menos entre os grandes fundos de pensão, de patrimônio maior. Diretor de Investimentos da Petros (fundo dos funcionários do Sistema Petrobras), Ricardo Malavazzi contou que a mudança nas aplicações de renda variável e a adoção de critérios mais ativos de gestão da carteira, adotados desde 2003, elevaram o retorno acima da meta atuarial para 31,5% até este ano, ante 18,6% no quadriênio anterior. Rendeu R$ 1,6 bilhão a mais para o fundo, contou.


Presidente da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), que atende os funcionários da Caixa Econômica Federal, Guilherme Lacerda, por sua vez, chamou atenção para a oportunidade de investimentos em imóveis. Na média, os fundos terão de reduzir o limite de 11% para 8%. Só que as más experiências do passado, particularmente com shopping, fizeram com que hoje apenas 3% estejam aplicados. E hoje pode-se investir em ações de incorporadoras e construtoras, securitização de recebíveis imobiliários, uma série de mecanismos mais seguros. Estamos dispostos, tanto em imóveis quanto em ações, a partilhar nossa experiência com os fundos menores, disse. (Segs)

Fonte: AssiPreviSite