Dia 24 foi o Dia Nacional do Aposentado e o aniversário de 85 anos da Previdência Social. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Previdência, Luiz Marinho, comemoram a data em uma cerimônia no Palácio do Planalto. Mas será que há mesmo o que comemorar? Os números mostram que os salários dos aposentados estão cada dia menores e que a situação da Previdência está pior a cada ano. Os últimos dados do ministério indicam que em 2006 o déficit nominal ficou em R$ 42,065 bilhões, 11,9% maior que o do ano anterior.
De 1997 a 2007, as diferenças entre os reajustes anuais concedidos aos aposentados que recebem um salário mínimo e aos que que ganham acima do piso nacional chega a 113,31%. Nesse período, o mínimo – e conseqüentemente, os benefícios – foram reajustados em 239,27%. Os demais tiveram aumento acumulado de apenas 112,17%.
Quem ganha mais de um salário mínimo ficou em desvantagem, porque a correção salarial considerou, na maioria das vezes, a variação do INPC (Índice de Preços ao Consumidor), medido pelo IBGE. O resultado dessa política do governo é o achatamento da folha salarial dos aposentados e o descontentamento de quem trabalhou a vida toda e agora quer descansar.
Em queda
O diretor do Sindicato dos Aposentados do Espírito Santo, Antonio de Castro Reis, confirma a queda nos ganhos. “O que a gente mais vê são aposentados em dificuldade. Nessa época da vida as pessoas precisam muito de remédios e dos planos de saúde. Com esse salário, não dá para nada. Eu mesmo ganhava 7,8 salários em 1993, quando me aposentei, hoje, não são nem quatro”, reclama.
Reis afirma que, exceto os funcionários públicos, quem não quiser passar por dificuldades não pode se aposentar de verdade. “Aposentado virou office-boy e arrumador de supermercado, tudo isso para complementar renda. Eu, que tenho uma renda melhor, tenho que continuar trabalhando, senão não dá para viver”.
A chefe interina da Divisão de Benefícios do INSS no Espírito Santo, Magda Cola, reconhece o achatamento e as perdas salariais, mas alega que faz o que manda a lei. “Acontece é que não existe mais a história de ganhar ‘tantos’ salários mínimos. Hoje, o aposentado que recebe mais que o mínimo tem reajuste de acordo com a variação do INPC. Administrativamente não há como resolver o problema”, afirmou.
Despesas
Os gastos da Previdência no Brasil e no Espírito Santo
R$ 145 bilhões. Foi quanto a Previdência gastou, ano passado, com o pagamento de aposentadorias e pensões em todo o país. No Brasil, são cerca de 20 milhões de aposentados e pensionistas. R$375mil. É o número de aposentados e pensionistas no Espírito Santo. Em 2007, a Previdência Social gastou cerca de R$ 2,73 bilhões com o pagamento de benefícios para esse público.