A Bovespa amargou mais um mês de pesadas perdas, ao encerrar julho com desvalorização acumulada de 8,48%.  Em meio a um cenário externo ainda arisco e preocupante, os estrangeiros tiraram pesados montantes de recursos das ações brasileiras, o que puniu severamente a Bolsa de Valores de São Paulo. No pregão de ontem, a baixa foi de 0,82%.
Assim, as aplicações atreladas aos juros -como o CDB e a renda fixa- voltaram a ser a melhor opção de investimento, como havia ocorrido em junho.

Mas a inflação corroeu todos os investimentos: o IGP-M acumulou alta de 1,76% no mês.  Na média, os fundos de renda fixa terminam o mês com rentabilidade de 1,25%. O CDB pagou em média 1,02% em julho. A poupança rendeu 0,69%.

“A saída dos estrangeiros, motivada pela deterioração do cenário externo, prejudicou muito a Bolsa no mês. Muito estrangeiro vendeu papéis aqui para cobrir perdas em outros mercados.  E ações como a da Petrobras e a da Vale acabaram por sofrer bastante com o movimento”, afirma Fausto Gouveia, analista da Win -“home broker” da Alpes Corretora.
As ações preferenciais da Petrobras acumularam perdas de 22,31% em julho. Os papéis preferenciais “A” da Vale recuaram 14,36% no mês.

O balanço das operações dos estrangeiros na Bovespa mostra que, até o dia 28, julho era o pior mês da história, com saída líquida de R$ 7,7 bilhões em capital externo. Em junho, outros R$ 7,4 bilhões tinham saído.

Essa fuga de capital externo ajuda a explicar o porquê de a Bovespa ter perdido 19% desde o seu pico, em 20 de maio, quando superou 73 mil pontos. A Bolsa encerrou o mês com 59.505 pontos. A pontuação oscila com a variação dos preços das ações -uma pontuação menor mostra que os papéis das companhias valem menos.
No ano, o índice Ibovespa, que reúne as 66 ações de maior liquidez, tem queda de 6,86%.

Além do resultado de julho, os fundos de renda fixa se destacam no acumulado do ano. A categoria tem ganho médio de 7% em 2008, ficando à frente dos fundos DI, com ganhos em torno de 6,35%, e do CDB, que fica com 6,26%. A poupança tem retorno de 3,7% em 2008.

Dólar cai 12% no ano

Apesar de não ser mais uma opção de investimento muito procurada, o dólar decepcionou quem insistiu em apostar nele. A moeda americana tem depreciação de 12,04% em 2008. O dólar caiu 2,13% em julho e encerrou o mês vendido a R$ 1,563, em seu mais baixo valor desde 19 de janeiro de 1999.
Com a intensificação no processo de elevação da taxa básica Selic, o retorno das aplicações de renda fixa vai aumentar. A taxa básica Selic -referência para as outras taxas praticadas no mercado- foi elevada para 13% no mês passado. Para o fim do ano, há analistas que falam em Selic a 15%.
Alta de juros não costuma ser algo interessante para o mercado acionário. Com o aumento da rentabilidade das aplicações que pagam juros, muitos investidores ficam tentados a trocar a Bolsa por investimentos que carregam menores riscos. Parte dos estrangeiros já tem feito isso: vendeu ações na Bovespa e migrou para títulos do governo brasileiro, seguros e com retorno mais atraente.
No exterior, o último dia de negócios do mês foi ruim. A desaceleração mostrada pelo PIB dos EUA, que cresceu 1,9% no segundo trimestre, abaixo do esperado, desagradou a analistas e investidores.
Em Nova York, o índice Dow Jones terminou com baixa de 1,78%. A Nasdaq recuou 0,18%. (FABRICIO VIEIRA – Folha de S.Paulo)