“Vamos fazer aqui reflexões, trazer conhecimento, trocar opiniões e experiências, de modo a ajudar as nossas associadas a transformar muito dessa crise em oportunidades para continuar avançando e assim fazermos o nosso papel. Essa é a missão da ABRAPP e de seus eventos”, disse quarta-feira o Presidente José de Souza Mendonça, ao abrir em São Paulo o seminário A Crise Financeira Internacional e suas Consequências para os Fundos de Pensão, evento que teve como patrocinadores o Banco Alfa e a SR Rating. O economista Paulo Rabello de Castro, sócio da SR Rating, salientou a força e estabilidade de nosso sistema nas atuais circunstâncias internacionais, atribuindo essa boa fase não apenas à qualidade da gestão dos fundos, mas também ao fato de as empresas brasileiras (patrocinadoras de planos) se mostrarem sólidas. Ainda assim, acrescentou Rabello, “a adoção de planos de Contribuição Definida (CDs) são o caminho natural a seguir”.
“A crise ainda não acabou”, advertiu Hugo Ferreira, da área de asset management do Banco Alfa, expressando uma percepção manifestada em diferentes graus por todos os expositores. No entender de Ferreira, os sinais de recuperação em curso da economia são frágeis e a principal preocupação hoje dos gestores de ativos deve ser a preservação do capital sob a sua guarda.
Na mesma linha manifestou-se Fábio Silveira, Diretor da RC Consultores, para quem “a recuperação que estamos vendo é em boa parte falsa”. Ainda que reflita os fundamentos melhores da economia brasileira, em comparação com os problemas enfrentados em outras partes do mundo, o movimento altista não encontra apoio firme nos dados macroeconômicos, notou Silveira. “Os preços das commodities em alta não combinam com o fato de estarem em recessão as economias dos países que representam 80% do PIB do planeta”. Citou os setores de logística e infraestrutura entre os ramos de atividades que devem merecer mais de perto as atenções dos administradores de carteiras.
“Parece que estamos assistindo a uma bolha dentro de outra, uma espécie de rebolha”, observou Paulo Rabello de Castro, sócio da SR Rating, sublinhando “não existirem informações que sustentem uma alta como a que estamos vendo”. Numa conjuntura como a atual, salientou Rabello, “diversificar os investimentos mostra-se algo cada vez mais fundamental”.
Nicola Tingas, ex-economista Chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), defendeu uma crescente transparência, uma vez que “através dela mais gente fiscaliza e ajuda a gestão”. Também se mostrou favorável a um maior espaço para a auto-regulação, já que o “setor privado tende a ser mais eficiente e produtivo”.
Robson Sato, diretor da SR Rating, reconheceu que há anos prevalece uma tendência contínua de estreitamento das margens e “para enfrentá-la é necessária maior ousadia nos investimentos na renda fixa”. (Diário dos Fundos de Pensão 21-05-2009)