Novo sistema de pagamento de contas elaborado pelos bancos, que elimina uso do papel, entra em vigor hoje. Mas, antes de aderir, é bom saber se vale a pena para seu bolso.

A partir de hoje, os brasileiros vão ter acesso a um novo sistema de pagamento de contas, o Débito Direto Autorizado (DDA). O modelo é considerado inovador, uma vez que elimina a necessidade das faturas em papel. No entanto, o consumidor que achar interessante fazer a adesão ao DDA, que é a remessa eletrônica dos boletos bancários, tem de tomar alguns cuidados.

Segundo a coordenadora de Tecnologia do DDA da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Lúcia Helena Junqueira Rehder, o sistema traz conforto para aqueles que cobram e para os que pagam as contas. Mas ela lembra que essa é apenas uma forma de remessa eletrônica das faturas, que podem ser visualizadas em telas sem o uso do papel. “Não é um débito automático na conta dos clientes”, esclarece. O pagamento é feito depois, de acordo com o planejamento feito pelo correntista. Ele pode quitar a fatura na internet mesmo, imprimir e pagar em outro banco, agendar o débito na conta ou mesmo programar para que a quitação seja automática e feita mensalmente. Para Lúcia, o DDA representa uma evolução nos meios de pagamentos no país. Mas ela reconhece que a mudança de cultura será grande, uma vez que o brasileiro está muito acostumado a receber suas contas impressas no papel.

Apesar de o sistema ser inovador e de o brasileiro ser conservador, os bancos já estão impressionados com o volume de adesões. O DDA começa a funcionar a partir de hoje. Mas a possibilidade de adesões foi aberta há cerca de três meses. “E estão de vento em popa”, afirma o gerente de Mercado Pessoa Jurídica do Banco do Brasil em Minas Gerais, Rinaldo Lima Oliveira. Ele conta que, até sexta-feira, já havia 40 mil correntistas mineiros com adesão ao DDA contratada – ou seja, que já estão com acesso ao novo sistema e que vão poder conferir suas faturas por meios eletrônicos. Ele mesmo é exemplo de correntista que aderiu. Até o fim da semana passada, ainda não havia um balanço fechado do volume de adesões. Mas Lúcia diz que os bancos estão surpresos. O gerente departamental do Bradesco, Rizaélcio Machado de Oliveira, confirma que a procura foi grande. “Tem muita gente que gosta das novidades tecnológicas”, explica.

Comodidade

O novo sistema tem o objetivo de promover comodidade aos cobradores e aos pagadores. No entanto, o presidente do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), José Geraldo Tardin, lembra que os bancos não desenvolvem sistemas que não são bons para eles. “O DDA vai representar mais vantagens para as instituições financeiras do que para os consumidores”, afirma. “Eles é que vão acabar com os custos de papel, de armazenagem, de envio”, observa. Na sua opinião, a economia que os bancos farão terá que ser refletida também nos custos passados aos clientes, com redução de taxas ou tarifas. “Se houver esse reflexo, pode ser bom”, pondera. Como os bancos terão mais vantagens, ele acredita que serão fortes as pressões sobre gerentes para o aumento das adesões. “Mas elas têm de ser voluntárias. Não podem ser impostas. E as informações têm de ser detalhadas”, orienta.

Para Tardin, todo novo sistema também está sujeito a falhas. Por isso, para não correr o risco de ficar sem receber as contas no papel e no meio eletrônico, ele orienta a esperar um pouco para fazer a adesão.