Alternativa seria adotar uma nova fórmula de cálculo. Parlamentares tentarão derrubar veto.
Os defensores do fim do fator previdenciário prometem continuar tentando acabar com o mecanismo que reduz o valor da aposentadoria para quem pede o benefício mais cedo. Apesar do veto ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à proposta, lideranças sindicais, parlamentares e representantes de aposentados apostam em um possível acordo com o governo ou na derrubada do veto no Congresso.
O presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), afirmou que as centrais já se movimentam para iniciar uma negociação com o governo. A Força pretende sugerir ao Planalto a instalação de uma comissão para discutir mecanismos para substituir o atual fator previdenciário.
“Queremos encontrar uma alternativa ao veto do fim do fator. Podemos negociar, tentar ajustar a proposta da fórmula 85/95 para um patamar de 80/90”, explica, referindo-se ao mecanismo que considera a soma da idade do trabalhador e o tempo de contribuição.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) reclamou do veto do presidente Lula. Em nota , afirmou que “a manutenção do fator previdenciário, a nosso ver negativa, faz a CUT continuar na luta pela extinção desse perverso mecanismo”. A União Geral dos Trabalhadores (UGT) classificou de incoerente a decisão de Lula de vetar o fim do fator previdenciário.
DERRUBADA DO VETO
Já para o senador Paulo Paim (PT-RS), a saída será tentar derrubar o veto no Congresso. Ele lamentou que não tenha sido sancionado o fim do fator previdenciário. “Ganhamos uma etapa da luta (a aprovação dos 7,72% para aposentados). Mas a luta pela derrubada do veto ao fim do fator previdenciário continua. Não tenho dúvidas”, disse.
O estoquista Nelson Alves dos Santos, 53 anos,considerou injusto o presidente Lula manter o fator previdenciário, segundo ele, prejudicando os trabalhadores ainda em atividade.“Acho injusto, porque você não pode atrapalhar quem está trabalhando”, reclamou.
Expectativa de vida entra no cálculo
O fator previdenciário, adotado em 1999, leva em conta a expectativa de vida para calcular o valor dos benefícios quando o trabalhador se aposenta. Pela última tábua de mortalidade divulgada pelo IBGE, em dezembro de 2009, o brasileiro vive em, média, 72,8 anos, considerando dados de 2008. Segundo Newton Conde, diretor da Conde Consultoria, na prática quanto mais jovem é o segurado que se aposenta, menor será seu benefício porque a Previdência entende que ele receberá a aposentadoria por mais tempo, já que sua expectativa de vida é maior.
Para estimar o quanto será o benefício ao se aposentar, o segurado deve considerar o seu fator previdenciário e multiplicar pela média dos 80% maiores salários de contribuição. Conde exemplifica o caso de um segurado de 60 anos de idade e 38 de contribuição que terá um fator previdenciário de 0,955. Se a média dos melhores salários de contribuição chegar a R$ 2.000, esse segurado poderá se aposentar com benefício de R$ 1.910. (MAX LEONE – O Dia Online)