Ano eleitoral e dúvidas sobre os EUA pesam contra apostas de mudança no humor do mercado financeiro.
O plano europeu anticrise e o “calote organizado” da Grécia reduziram as incertezas, levando a Bovespa à melhor semana no ano (alta de 7,7%), e o dólar, ao maior recuo mensal (baixa de 10,5%) desde 2003.
No entanto, especialistas de diferentes escolas e correntes têm divergências sobre os rumos do mercado. Os pessimistas seguem desanimados por conta da recuperação ainda fraca nos EUA, do risco de desaceleração na China e das dificuldades crescentes na Europa.
Mesmo os mais otimistas não alimentam esperanças de virada no curto prazo. “O mercado não está mais operando totalmente pessimista [depois do plano anticrise europeu]. Mas ainda não está no modo otimista”, afirma Eduardo Jurcevic, superintendente do Santander.
O desfecho positivo das negociações na Europa, em tese, pode desencadear uma alta moderada na Bolsa no último trimestre, historicamente a época do ano em que as ações quase sempre sobem.
Mas os problemas que afetam o desempenho das Bolsas não se limitam ao Velho Continente.
Em relatório intitulado “Aproveite enquanto dura”, o Bank of America/Merrill Lynch alerta para riscos maiores (na ótica de seus analistas) que pairam sobre a economia dos EUA em 2012.
Cita o impacto da alta dos combustíveis no custo de vida; um severo aperto fiscal, como preconizado por algumas lideranças republicanas; mais um rebaixamento de “rating” (nota), como o visto em agosto; e o risco político de desarticulação do governo Obama.
Os grandes impasses nos EUA, a exemplo do teto da dívida pública, podem se tornar piores em ano eleitoral.
Mesmo no Brasil, até agora uma ilha de otimismo, os economistas estão enxergando um ano de menor crescimento -entre 3,5% (média do mercado) e 2,5% (dos mais pessimistas). “O aperto da política monetária na primeira metade de 2011 continuará a pesar na economia no curto prazo, considerando os efeitos atrasados habituais. Além disso, parece improvável que o crescimento global mostre um desempenho brilhante tão cedo”, avalia o BNP Paribas.
(Diego Lazzaris Borges – InfoMoney)